MUDAR É PRECISO?
Mudança, tai uma palavra que ronda a vida de todos nós. Não sei o porquê, mas mudança é um daqueles substantivos que nos perseguem, antes de tomarmos uma atitude, uma decisão ou diretriz. Via de regra, temos que mudar... mudar de cidade, de emprego, de marido, de cabelo, de peso, de roupa ... mudaaaaarrr, essa é a palavra de ordem. Já me peguei muitas vezes pensando em mudança, e confesso que houve uma fase na minha vida que tudo o que eu mais queria era mudar, mudar tudo, mudar de vida, mudar de planeta...
Passado um tempo, notei que minha ânsia de mudar era focalizada no externo, mudar o que não estava ao meu alcance, mudar o que não tinha governabilidade, mudar o outro, mudar os pensamentos, os enfoques, as situações. Acreditava verdadeiramente que tudo isso refletia diretamente na minha vida e que eram essas as causas do meu mal estar. Esse tema era recorrente e voltava sempre a bailar na minha cabeça. Mudar, mudar, mudar, se possível, mudar de persona, de identidade... Percebi, de repente, num suspiro de desânimo, que se havia algo a ser mudado, transformado, esse algo era eu, meu interno, meus enfoques, meus olhares, minhas prioridades, minhas atitudes. Neste momento, comecei a me dar conta do queria pra mim, e do que não queria, e entendi que, se quero algo, esse querer é meu, não é partilhado por mais ninguém, e que, portanto, não poderia impor a ninguém essa tal “mudança”, para que eu alcançasse o meu querer... Percebi que nada ao meu redor mudaria, se algo tinha de mudar, esse algo era eu, e que ai sim, com a minha mudança, o meu entorno ficaria diferente, não por mim, não para satisfazer os meus desejos e suprir minha necessidades, mas porque eu mudei, e claro, quando se muda, se enxerga o antigo como novo. O tempo não para (ainda bem) e com o seu passar, vem o amadurecimento, velhas crenças se vão, novas se criam, e hoje, não olho mais para mudanças, não acredito mais que preciso mudar nada para conseguir o quero, acredito que tenho apenas que querer, e que sou completa para conseguir tudo que desejo, desde que esse desejo seja real, corajoso, movimente meu ser, faça minhas pernas tremerem. Hoje não penso mais em viabilidades, não temo o ridículo, não me deixo soterrar por aquilo que não tenho, e principalmente, não protelo uma vontade, escorada e escondida atrás de uma mudança que nunca será promovida. Não permito mais que a mudança seja um véu obscuro, uma algema invisível, uma bola de ferro imaginária que me controla, me segura e me impeça de ir adiante... Não dou mais desculpas, não uso subterfúgios, se quero verdadeiramente, posso e pronto! Paula Maria