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INTEIRA NO VAZIO



Não quero nada que roube meu tempo, meu espaço, meu viver... Nada que me faça dividir-me... Sim, sou egoísta, egoísta demais para me doar, condicional ou incondicionalmente a alguém ou a algo... Não quero origem, nem posteridade... Não quero suprir expectativas que não sejam as minhas próprias e, até quanto a estas, me ponho a pensar... Não quero nada que me roube de mim... Não quero bens, móveis, imóveis, corpóreos ou incorpóreos... Não quero moedas, notas, títulos ou qualquer coisa que o valha... Não quero acumular coisas ou pessoas a minha espera... Pois posso decidir nunca voltar... Não quero seguir experimentando, fotografando, conhecendo... Não quero ser ou estar no esperado, no plausível, no politicamente correto... Quero caminhar longe, muito longe do viável... Não quero deixar, nem receber um legado... Não quero ser ou ter referência de nada nem de ninguém... Não quero estar deste ou daquele lado do espelho... Não quero somar, multiplicar, nem tampouco dividir nada... Não quero seguir, nem que me sigam... Não quero ter pra onde ir, nem de onde ou para onde voltar... Não quero mapas, rotas ou atalhos... Não quero o perto, nem o longe, o fácil ou o difícil... Não quero o positivo, nem o negativo, o bom ou o mau, o claro ou escuro, ir ou vir... Gosto da miscelânea, a sinergia do todo me interessa... Chegada ou partida, não importa, nunca importa... Gosto da viagem, dos sorrisos, das gargalhadas insanas de alegria ou de nervoso, quero as sensações, não me interessa entender, prefiro sentir e não poder explicar... Opto por experienciar, vivenciar, apenas saber que sei, mas sem saber como... Não quero conhecer o caminho, quero percorrê-lo... Escolho a liberdade de caminhar e me resguardo o direito, líquido e certo, de nunca saber onde estou indo... Paula Maria

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